O período de gestação traz muitas mudanças para a mulher, desde a descoberta da gravidez até o momento do nascimento. Tais alterações vão para além do corpo, a rotina precisa ser adaptada, o trabalho e a vida social. Diante de novos significados, as emoções também são influenciadas, podendo se estender até mesmo após o nascimento do bebê. Essa fase é chamada de puerpério, mas afinal, o que isso significa?

O puerpério, também conhecido como período pós-parto, é uma fase de transição e adaptação que ocorre no corpo e na vida de uma mulher após o nascimento do bebê. É um período único e desafiador, marcado por mudanças físicas, emocionais e hormonais.

Começa logo após o parto e pode durar até seis semanas, embora suas características e duração possam variar de mulher para mulher. Durante esse período, o corpo passa por um processo de recuperação gradual, onde órgãos e tecidos que foram modificados durante a gravidez retornam ao seu estado pré-gestacional.

Uma das características mais marcantes do puerpério é a involução uterina, ou seja, o útero começa a voltar ao seu tamanho original. Além disso, podem ocorrer mudanças na mama, como o início da produção do leite materno e alterações hormonais que afetam o humor e as emoções da mulher.

A gravidez e o puerpério são dois estágios essenciais na vida reprodutiva de uma mulher, nesse texto iremos explorar o assunto para conhecer melhor suas características. 

Quanto tempo dura o puerpério?

A duração do puerpério pode variar de mulher para mulher, mas geralmente abrange um período de aproximadamente seis semanas após o nascimento do bebê. É importante ressaltar que cada mulher pode vivenciar o puerpério de maneira diferente. Algumas podem se recuperar mais rapidamente, enquanto outras podem precisar de um tempo maior para se adaptar às mudanças físicas e emocionais. Além disso, fatores como o tipo de parto, saúde geral da mulher e o apoio que ela recebe durante esse período também podem influenciar a duração e a experiência do puerpério.

Fases do puerpério

O puerpério é dividido em três fases distintas, cada uma com suas características e desafios:

Puerpério imediato

A primeira fase, conhecida como puerpério imediato, abrange as primeiras 24 horas após o parto. Nesse momento, o corpo da mulher passa por alterações significativas, como a involução uterina, em que o útero retorna ao seu tamanho normal. Também ocorrem mudanças hormonais, como a queda dos níveis de estrogênio e progesterona, o que pode causar desconforto físico e emocional.

Puerpério Tardio

A segunda fase é o puerpério tardio, que dura cerca de duas a seis semanas após o parto. Durante esse período, a mulher pode experimentar sintomas como sangramento vaginal, dores no corpo, cansaço e instabilidade emocional. É comum a ocorrência da chamada “baby blues”, caracterizada por oscilações de humor, irritabilidade e choro fácil. No entanto, esses sintomas geralmente desaparecem após algumas semanas e não interferem significativamente no bem-estar da mãe e do bebê.

Puerpério remoto

O puerpério remoto se dá a partir do 45º dia com término imprevisto e a maioria das mudanças físicas já se estabilizou. O corpo materno retorna gradualmente ao seu estado pré-gravidez e a mulher geralmente começa a se sentir mais próxima de sua condição anterior à gestação. Nessa fase, é comum que a mãe se concentre em aspectos como o cuidado do bebê, a retomada de atividades cotidianas e o equilíbrio entre a vida familiar e as demandas pessoais e profissionais.

Características do puerpério

Como mencionamos, o puerpério é um momento delicado e sensível para a mulher devido às mudanças que exigem uma nova adaptação. Vamos explorar algumas das principais características dessa fase.

Sangramento pós-parto

As puérperas podem apresentar possíveis sangramentos, também conhecido como loquiação, é um fenômeno natural que ocorre após o nascimento de um bebê. Trata-se de uma resposta do corpo da mulher às mudanças ocorridas no útero durante a gravidez e ao processo de parto. 

À medida que o útero se contrai e retorna ao seu tamanho normal, os vasos sanguíneos que foram ligados à placenta se rompem, resultando no sangramento. Normalmente esse quadro dura algumas semanas, diminuindo gradualmente em quantidade e coloração. Portanto, vale ressaltar que sangrar no pós-parto é normal.

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Mudanças hormonais

Após o nascimento do bebê, ocorre uma série de adaptações hormonais para restabelecer o equilíbrio e iniciar a recuperação do organismo. Uma das mudanças hormonais mais notáveis durante o puerpério é a queda brusca nos níveis de estrogênio e progesterona, hormônios fundamentais na gestação. Além disso, o puerpério é marcado por alterações na produção de outros hormônios, como a prolactina, responsável pela produção de leite materno, ela estimula as glândulas mamárias a produzir leite para alimentar o recém-nascido. A sucção do bebê no seio estimula ainda mais a sua produção. A ocitocina também está envolvida, responsável pela contração uterina, é liberada durante a amamentação e ajuda a reduzir o tamanho do útero, voltando ao seu estado pré-gravidez.

Involução uterina

É um processo pelo qual o útero retorna gradualmente ao seu tamanho e posição natural. Durante a gravidez, o útero sofre várias mudanças para acomodar o feto, ele se expande consideravelmente esticando e aumentando em tamanho e peso. Por tanto, após o parto, o órgão precisa passar por um processo de involução para retornar ao seu estado anterior.

Nos primeiros dias após o nascimento do bebê, o útero fica aproximadamente na altura do umbigo da mulher. À medida que o tempo passa, as contrações puerperais continuam a ocorrer, para começar a diminuir de tamanho. A falta de involução uterina adequada pode levar a complicações, como hemorragia pós-parto e infecções uterinas, portanto, é essencial que a mulher seja monitorada de perto durante o puerpério para garantir que o útero esteja se contraindo adequadamente e retornando ao seu estado normal.

Cicatrização de episiotomias ou lacerações

Durante o parto vaginal pode ocorrer lacerações na pele ou até nos músculos da região perineal devido ao alongamento e esforço durante o parto. Embora isso ocorra involuntariamente, pode causar rompimento na região do ânus. Para evitar essa situação existe a episiotomia, prática que alguns médicos utilizam no parto. Trata-se de uma incisão, ou seja, um corte na abertura do canal vaginal para aumentar o espaço disponível para o bebê passar.

Cada mulher pode ter um processo de cicatrização e  recuperação diferente para essas situações. O primeiro passo na cicatrização é a higiene adequada da área afetada, seguido de manter a região limpa e seca para prevenir infecções. Recomenda-se lavar suavemente a área com água morna e sabão neutro, evitando esfregar vigorosamente. Além disso, é recomendado trocar o absorvente higiênico com frequência para evitar o acúmulo de umidade. Após a limpeza, a aplicação de compressas geladas pode ajudar a reduzir o inchaço e o desconforto. Qualquer mudança ou aumento de sintomas é importante buscar auxílio médico para orientações e tratamento adequado. 

Importância de compreender e apoiar o puerpério

Compreender e apoiar o puerpério é de extrema importância, pois é um momento crucial para a saúde da mãe e para o desenvolvimento do vínculo entre ela e seu bebê. Infelizmente, muitas vezes, a sociedade não dá a devida atenção a essa fase, deixando as mães se sentirem perdidas e desamparadas.

O corpo leva algum tempo para se recuperar do processo do parto, e a mulher pode enfrentar desconfortos físicos, como dores, sangramento e fadiga. Além disso, as flutuações hormonais podem causar oscilações de humor, tristeza, irritabilidade e até mesmo a temida depressão pós-parto. Nesse momento, é fundamental oferecer apoio emocional à mãe onde ela se sinta acolhida, compreendida e amparada. O apoio de familiares é importante para que possam ajudá-las nas tarefas diárias, como cuidar do bebê, permitindo que tenham tempo para descansar e se recuperar.

Outro aspecto importante é a conscientização sobre as demandas e desafios que a maternidade traz. Mães de primeira viagem precisam aprender a cuidar do seu bebê, a amamentar, a lidar com as noites sem dormir e a conciliar todas essas responsabilidades com sua vida pessoal e profissional. Algumas se adaptam facilmente, enquanto outras podem enfrentar dificuldades mais intensas, sendo essencial evitar julgamentos e estereótipos, oferecendo um ambiente de compreensão e empatia.

Priorizando o cuidado e bem-estar da mulher na jornada pós-parto

Os cuidados com a saúde da mulher no puerpério são essenciais para promover uma recuperação adequada e garantir seu bem-estar físico e emocional. Durante esse período, é fundamental que as mulheres recebam atenção e cuidados adequados, tanto do ponto de vista médico quanto emocional.

A atenção médica pós-parto deve incluir visitas regulares ao profissional de saúde para monitorar a recuperação do corpo e verificar se há complicações ou problemas de saúde. O acesso a informações claras e precisas sobre os cuidados com a higiene íntima, amamentação, alimentação saudável e exercícios físicos leves são fundamentais. 

Por fim, é fundamental que a sociedade como um todo valorize e respeite o puerpério, reconhecendo a importância dos cuidados com a saúde da mulher nesse período. Ao garantir os cuidados necessários, estaremos contribuindo para a saúde física e emocional das mulheres, fortalecendo-as para a jornada da maternidade e proporcionando um início saudável para a vida do bebê.